Entre
os dias 26 e 28 de fevereiro, o Levante Popular da Juventude reuniu em Serrinha
cerca de 70 jovens dos municípios de Araci, Serrinha, Quijingue, Cachoeira,
Tucano, Teofilândia, Lamarão e Feira de Santana com o objetivo de organizar a
juventude da região para construir o Projeto Popular. Além de analisar a conjuntura atual, também
pudemos debater as opressões que atingem a nós, jovens, como o machismo,
racismo e LGBTfobia, bem como planejar e organizar o calendário de atividades e
lutas para esse período.
Compreendemos
que o nosso desafio enquanto juventude do projeto popular é estar ao lado do
povo, lutar com a classe trabalhadora para defender sua vida e seus direitos.
Não aceitaremos qualquer forma de injustiça ou opressão, e buscaremos empoderar
aqueles e aquelas que sempre estiveram à margem da sociedade. Nossa tarefa
principal é organizar todos e todas jovens para que eles e elas possam ser
protagonistas da transformação da sua vida e da nossa realidade.
Por
isso nos comprometemos:
1.Com
a garantia a identidade do território do Sisal a partir da história, cultura e
luta do seu povo;
2.Com
a luta pela construção de uma democracia popular, que socialize com
qualidade as terras, a água, a energia, os meios de comunicação, o acesso à
saúde, à educação, à moradia, ao transporte.
3.Com
a luta pela soberania, porque os povos devem tomar seu país e sua história
nas mãos, sem serem sujeitados pelo imperialismo ou outros poderosos. O
desenvolvimento deve ser ambientalmente sustentável e estar voltado ao
interesse do povo.
4.Com
a prática permanente de solidariedade com todos os povos que sofrem e
lutam. Com atenção especial para nossos hermanos latino americanos, que
carregam a mesma história de opressão e luta que nós.
5.Com
a luta contra o machismo, na sociedade e dentro de nossa organização,
pois, se os trabalhadores são explorados pelo sistema capitalista, as mulheres
são duplamente oprimidas e exploradas: enquanto trabalhadoras, e enquanto
mulheres, pelo sistema patriarcal. Temos que estar lado a lado com as organizações
do movimento feminista no combate ao patriarcado, à violência sexista e à
mercantilização do corpo e da vida das mulheres, assim como fomentar a
auto-organização das mulheres do Levante.
6.Com
a luta contra o racismo, dentro e fora de nossa organização, porque a
população preta é a mais explorada da classe trabalhadora e mesmo depois de
mais de 120 anos da falsa abolição continua sendo o alvo preferencial da
violência de Estado. É necessário lutarmos junto ao movimento negro e outras
organizações antirracistas para que possamos construir uma sociedade livre do
racismo.
7.Com
a luta contra a lesbofobia, a transfobia e a homofobia, também dentro e
fora de nossa organização, 7porque não existem relações afetivas mais
normais e comuns que outras, e nenhuma orientação sexual deve ser motivo para
legitimar desigualdades e opressões.
8.Com
a luta por um projeto de educação que sirva aos interesses do povo.
Por isso, defendemos que exista um número suficiente de vagas tanto em creches
quanto em escolas secundárias e universidades, bem como cotas sociais e
raciais, no campo e na cidade. A educação só terá qualidade se estiver voltada
para os interesses do povo, atendendo todas e todos.
9.Com
a luta por transporte público, gratuito e de qualidade, enfrentando
os aumentos nos preços de passagem.
10.Com
a luta por ampliação do acesso à cultura e ao lazer, contra sua
mercantilização. Lutaremos para que existam mais possibilidades de produção e
troca culturais, como música, teatro, artes visuais, cinema, dança, e tantas
outras formas de expressão. Também utilizaremos da cultura e do lazer como
formas de resistência, de resgate da nossa história e da nossa identidade de
povo brasileiro.
11.Com
a luta contra o trabalho precarizado e informal. A luta pela garantia
e expansão dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras (exploradas
duplamente, no local de trabalho e em casa) é essencial para a criação de um
país menos desigual. Pela jornada de 40 horas semanais, sem a redução de
salários.
12.Com
a luta contra o conservadorismo e a defesa da democracia. Não aceitaremos
qualquer tipo de golpe ou retrocesso nos direitos do nosso povo!
Sabemos
que para isso é extremamente necessária a massificação desta luta,
trazendo cada vez mais jovens para o nosso projeto, porque só a juventude tem a
força necessária para transformar essa sociedade. É com o trabalho
coletivo, combatendo o individualismo e a estagnação, que tomaremos o futuro em
nossas mãos. Esse é o caminho para a liberdade com que tanto sonhamos e
precisamos para viver.
Construiremos
uma organização com coerência: devemos fazer o que dizemos e dizer o que
fazemos; com autonomia, construída por aqueles que trabalham no Levante;
com estudo e disciplina, para dar cada passo com firmeza,
conhecendo com profundidade o caminho que devemos trilhar; com o exercício
decrítica e autocrítica, porque não devemos temer ou ocultar os erros, mas
enfrentá-los de frente, para, então, superá-los.
Entendemos
que serão esses compromissos que garantirão a construção do Levante Popular da
Juventude, do Projeto Popular e da Revolução Socialista brasileira. A
tarefa não é fácil: não esperamos ter todas as respostas nem construir tudo
isso sozinhos, mas nos desafiaremos a dar tudo o que pudermos, porque devemos
nos construir como a juventude que ousa lutar, que constrói alternativas e que
é parte do povo brasileiro. Somente com alegria, amor e muita animação
chegaremos lá!
Juventude
que ousa lutar constrói o poder popular!
Serrinha,
28 de fevereiro de 2016.